A greve dos caminhoneiros cria o caos e é fruto dos descalabros do governo, que fala em desenvolvimento, mas deixa o País parar
ÁLVARO ALMEIDA E ANDREI MEIRELES
Sem caminhão, o Brasil pára", diz o adesivo na traseira de milhares dos grandalhões que transportam mais de 63% da produção nacional. O que o brasileiro descobriu desde a segunda-feira 26 é que, com eles, o País também pode parar. A greve – não um simples protesto – dos caminhoneiros autônomos fechou as principais estradas, paralisou fábricas, impediu entregas do comércio, afetou o abastecimento de metrópoles e provocou um prejuízo na economia que pode atingir a casa dos bilhões. Expôs ainda uma insatisfação generalizada, até então desconhecida dos habitantes das grandes cidades. Foi radical ao bloquear totalmente rodovias, coagir outros motoristas à adesão e impedir o direito de trânsito de muitos cidadãos. Causou antipatia ao provocar o desperdício de alimentos num país onde parte da população passa fome. Mas, ao mesmo tempo, desnudou o caos do sistema de transportes brasileiro, questão estratégica para quem agora pensa e discursa sobre desenvolvimento. Revelou ainda um total despreparo do Planalto para prevenir e lidar com situações críticas. "Ficamos preocupados com a demora do governo. Essa greve não deveria durar nem 48 horas", admitiu Nélio Botelho, líder da União Brasil Caminhoneiro, uma organização paralela aos sindicatos, que emergiu com a mobilização e negociou em Brasília a extensa pauta de reivindicações dos motoristas, que incluía de redução nas tarifas dos pedágios à melhoria das condições de segurança nas estradas.
Somente no quarto dia em que as rodovias estavam paralisadas, na manhã da quinta-feira 29, o presidente Fernando Henrique Cardoso se deu conta dos prejuízos causados pela greve e convocou seis ministros para uma reunião no Palácio da Alvorada. Concluíram em duas horas de conversa que a força do movimento se devia ao apoio das entidades patronais também interessadas no atendimento da pauta de reivindicações. Foi do ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, o argumento decisivo para que o governo resolvesse ceder aos caminhoneiros. "O prejuízo causado pela paralisação é muito grande, sai mais barato atender o que eles estão pedindo", calculou Pratini, que recebeu apoio do seu colega do Trabalho, Francisco Dornelles, principal interlocutor de Botelho no Planalto. O governo FHC teve de ceder a um movimento que havia subestimado e com o qual demorou a negociar. A greve só pegou o governo de surpresa porque mais uma vez falhou o serviço de inteligência do Planalto, comandado pelo chefe da Casa Militar, general Alberto Cardoso. Numa irresistível vocação para se meter em trapalhadas, os arapongas palacianos limitaram-se a colecionar panfletos, sem lhes dar a menor importância. Durante seis meses, caminhoneiros distribuíram manifestos nas estradas, deram indicações de que a greve ia acontecer em plena Rádio Globo do Rio e escolheram os melhores pontos para fazer bloqueios. Normalmente postos de combustíveis bem-equipados com telefones e rádios.
Fonte e continua: www.istoe.com.br
Protesto em São Miguel do Oeste perdurou durante toda a madrugada desta quinta-feira (19) [...] Veja mais em: http://www.ndonline.com.br/oeste/noticias/235563-caminhoneiros-continuam-greve-no-extremo-oeste-catarinense.html.
Fonte texto e foto: www.ndonline.com.br
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