Trabalhar com campo pode indicar menos poluição, mais contato com a terra e ficar longe do calor do asfalto, mas o transporte da produção tem se tornado o calcanhar de Aquiles do agricultor
Scheilla Lisboa
Levar a produção da lavoura para a cidade ainda é o desafio
Foto: Tomaz Silva: AgÊncia Brasil/Fotos Públicas
Foto: Tomaz Silva: AgÊncia Brasil/Fotos Públicas
SÃO PAULO - De acordo com o Censo de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil existem quase 5,2 milhões de estabelecimentos agropecuários, sendo 922.049 no Sudeste.
Dos 1.536.305 estabelecimentos que utilizam meios de transporte, 450.473 usam automóveis e 236.098, utilitários; 124. 617 têm reboque e apenas 123.924 usam caminhões. Embora os que utilizam transporte não sejam nem um terço, o pequeno agricultor já percebeu o benefício de investir em um veículo adequado: o bolso.
"A logística é um dos fatores que mais encarecem o produto. Por isso, muitas vezes a cooperação entre produtores, grupos de consumo e a parceria com comercializadores, instituições governamentais e outras organizações ajuda a viabilizar o fornecimento de forma mais accessível", afirma Dercílo Pupin, produtor e também presidente da Associação de Agricultura Natural de Campinas e Região (ANC). "Dependendo da distância e das estruturas disponíveis, os gastos com transporte podem ultrapassar 60% do valor do produto", ressalta.
O produtor Luciano Gomes Rocha decidiu investir no próprio negócio há oito anos, depois de trabalhar por sete como funcionário. Produz flores e mandioca, que vende e distribui no comércio local de Guararema, município da região metropolitana de São Paulo. "Para vender o produto só na roça a gente não consegue ganhar nada, não tem lucro e nem consegue fazer o negócio crescer. E quem vem até aqui comprar não dá valor, mesmo no produto com qualidade. Eles acabam ganhando lá na frente. Na corda, quem fica no pé, como nós, sempre perde", diz Rocha.
Para ganhar um pouco mais e aumentar a lucratividade, o produtor investiu em um veículo próprio e decidiu ampliar a distribuição das flores - rosa, girassol e aspargo - para locais da região como Mogi das Cruzes, Suzano, Itaim Paulista, Itaquaquecetuba e parte de Itaquera e São Miguel.
A produção, no calor, chega a cerca de 600 dúzias de rosa por dia. Mas não vende tudo. "Produzimos para esperar o cliente, para ter o que oferecer aos que vêm até aqui, como também para levar até os compradores de outras regiões", conta. "Mas jogo mais fora do que vendo. No calor que fez uns dias atrás joguei mais de 800 pacotes de rosa fora, que estragaram e ninguém comprou", afirma o produtor, que tem um faturamento mensal de aproximadamente R$ 7 mil.
Fonte e matéria completa: www.dci.com.br
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